quarta-feira, 24 de junho de 2009

Século XXVII, Cidade de Alcochete, Luísa Ducla Soares

(excerto)

No século vinte e sete, na cidade de Alcochete, vivia o Sr. Roquete, que vendia sabonete. A cidade de Alcochete era uma bela cidade, com prédios de mil andares e fábricas aos milhares. Tinha jardins com árvores fingidas e flores de plástico,

rampa de foguetões e outras atracções, entre elas uma praça de touros fenomenal, com touros de aço, telecomandados. Só havia um senão, na cidade de Alcochete... era um certo cheirete, que subia do antigo rio Tejo, transformado no maior cano de esgoto da Península Ibérica, e descia de um enorme chapéu de fumo das chaminés industriais.
Por isso o Sr. Roquete vendia tanto sabonete.
Sabonete de limão para quem cheirava a alcatrão.
Sabonete de ananás para quem cheirava a aguarrás.
Sabonete de manjerico para quem cheirava a penico.
(...)

Luísa Ducla Soares, "Três Histórias do Futuro"

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